O enrijecimento das regras de tributação para quem aloca recursos em startups tornou as escolhas de investidores mais criteriosas. Uma dúvida recorrente entre novos empreendedores é sobre como conseguir investidores em um cenário cada vez mais restrito. Afinal, além de defender uma boa ideia e apresentar as chances de escalabilidade do negócio, é preciso mostrar como o empreendimento está regulamentado. A resposta passa obrigatoriamente pela organização financeira e contábil.
Entre as principais fontes de recursos para empresas em estágio inicial estão os fundos de investimentos e os investidores-anjo. Neste último caso, o investidor tem uma participação societária no negócio. Apesar de não ocupar uma posição executiva, ajuda com orientações detalhadas sobre o processo de formação do negócio e compartilha sua experiência.
Como conseguir investidores com organização contábil
As questões tributárias podem ser bastante confusas no mercado de tecnologia pelas inúmeras atividades e produtos desenvolvidos nessa área, além do complexo e instável ambiente fiscal brasileiro.
Descrição das atividades
O primeiro passo para atrair investidores e organizar a situação contábil da sua empresa, é descrever corretamente o objeto social e as atividades realizadas pela organização. Uma classificação errada causa prejuízos e tributação incorreta das atividades. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dispõe de uma plataforma online para ajudar os empreendedores: o CONCLA (Comissão Nacional de Classificação) que permite realizar buscas de atividades econômicas regulamentadas no país.
Apesar de aparentemente simples, esta questão constitui uma das principais dúvidas fiscais do setor de TI, uma vez que muitos dos novos serviços digitais e modelos de negócio ainda estão em fase de regulamentação. Por isso, é importante consultar especialistas no segmento de tecnologia, que possam regulamentar corretamente o negócio, dando mais segurança tanto para o empreendedor quanto para possíveis investidores.
Modelo de Tributação
Outra questão que gera muitas dúvidas entre os empresários é a forma de tributação entre os empreendedores. A adoção de um regime ou de outro deve ser feita com cautela, uma vez que o setor de tecnologia possui algumas particularidades que devem ser observadas. São três os tipos possíveis: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real.
De forma geral, os modelos de tributação funcionam da seguinte forma:
- Simples Nacional - criado pela Lei Complementar nº 123 em 2006, prevê o pagamento unificado de oito impostos diferentes (ISS, PIS, Cofins, IRPJ, CSLL, IPI, ICMS e ISS). A alíquota cobrada varia de acordo com a atividade, e o limite de faturamento anual do negócio é de R$ 4,8 milhões para impostos federais e de R$ 3,6 milhões para impostos municipais e estaduais;
- Lucro Presumido - tributação simplificada do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, pela qual são fixados valores a partir da estimativa de lucro de diferentes atividades do mercado. O Lucro Presumido pode ser utilizado em empreendimentos com faturamento anual de até R$ 78 milhões;
- Lucro Real - tributação calculada com base no valor real do lucro em um período anual ou trimestral. Esse cálculo é realizado a partir da verificação exata do lucro líquido do empreendimento, variando de acordo o rendimento registrado. É obrigatório para empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões por ano.
Atitudes que ajudam na captação de recursos
Sabemos que o acesso ao capital antes da consolidação de uma marca é um dos principais desafios dos empreendedores. Além de uma estrutura financeira e contábil fortalecida, há atitudes que ajudam no momento de buscar investimentos. Abaixo, elencamos três ações que o empreendedor pode adotar para ter sucesso nesse percurso.
- Elaborar um bom pitch
A formulação de um pitch, apresentação curta em que você conta a ideia da empresa, é decisiva para atrair investimentos. Ele deve ter no máximo três minutos e abordar sucintamente a essência do negócio e qual a oportunidade de mercado identificada pelo empreendedor. Alguns elementos que devem constar em um pitch são:
- frase curta que identifique a startup;
- tamanho do mercado;
- quem são as pessoas por trás do projeto;
- modelo de negócio;
- existência de concorrentes;
- convite para que as pessoas presentes venham conversar com o empreendedor após a apresentação.
- Desenvolver um MVP
É recomendável que o empreendedor tenha um protótipo do seu produto, conceito conhecido como MVP (Mínimo Produto Viável). Por meio dele, é possível validar hipóteses e investigar a viabilidade da solução que se quer apresentar. O MVP é uma versão enxuta do que está sendo proposto para o mercado. Os testes de verificação são importantes para mostrar aos investidores o potencial de um produto ou serviço.
- Participar de feiras
O empreendedor que busca investimentos deve se mostrar ao mercado e estar sempre atento às novidades. A participação em feiras é essencial nesse processo, pois:
- reúnem interessados em aportar recursos em projetos promissores;
- nesses eventos é possível conhecer outras iniciativas e saber o que está sendo feito por startups de todo o país;
- há a oportunidade de testar seus produtos e serviços entre potenciais clientes.
No e-book Guia de Tributação de Novos Serviços Digitais, você encontra informações detalhadas sobre os principais questionamentos fiscais e debates sobre as inovações do mercado. Caso tenha mais dúvidas sobre como enquadrar sua empresa de tecnologia nos diferentes regimes de tributação entre em contato conosco.